sexta-feira, 23 de março de 2007

A primeira chupada não se esquece!

Por Fernando Aguirre*

Estava a dias para escrever alguma coisa. Faltava tempo e principalmente uma motivação. Felizmente acontecimentos me levaram a abrir meu poderoso Microsoft Word e digitar algumas linhas hoje. Antes de iniciar, resolvi dar uma estudada sobre o assunto que pretendia abordar neste texto. Conversando com o grande Oráculo, também conhecido como “google”, viajei desde grandes furos da propaganda mundial até a melhor crítica sobre a trilogia Matrix que já li. Julgando-me já com algum embasamento, ligo o convencional Windows Media Player e me ajeito na cadeira.

Minha professora de publicidade no primeiro dia de aula me disse: “informação”. Leia a Veja, mas também dê uma olhadinha na Capricho. Divirta-se com o Jô, mas não esqueça de rir das besteiras da Ana Maria e seu papagaio. Considerando que ainda estou no estágio de trabalhar de graça, não vou justificar a importância de tais comportamentos, mas vou falar sobre aquilo que já experimentei no maravilhoso mundo encantado da Disney, digo, da Publicidade: A famosa “idéia brilhante”, o verdadeiro “insigth”. Eu mesmo já pulei da cadeira e esbravejei sozinho, quando pensei em fazer o público acreditar estar diante de um funcionário da C&A usufruindo de serviços da Renner! Era brilhante, um anúncio de página dupla! Nem cheguei a pesquisar se a prática de Hard-Sell é legalizada no Brasil tanta era a empolgação pela peça. Não foram necessários dois dias e me deparo com essa campanha do Burger King, uma rede de serviços alienadores, digo, alimentadores concorrentes ao McDonald’s.

A cena clássica do sorriso murchando, e os lábios tremendo. Sim, alguém já tinha pensado o mesmo que eu! Na ocasião eu estava (e ainda estou) montando meu portifólio, não iríamos querer uma idéia chupada logo no portifólio, certo? Mesmo sendo involuntário, não tive escolha: amassa o rafe e pega outra folha! Apenas tive que ter o cuidado para que as lágrimas não escorressem sobre o papel.

Uma vez li em algum lugar que uma idéia ruim é algo lamentável, mas tem potencial para se tornar uma idéia mediana ou até mesmo boa, se aproveitada em uma situação mais favorável. Mas uma idéia chupada vai ser sempre uma idéia chupada. Não adianta por quanto tempo ela seja guardada, os diretores de arte estão sempre pesquisando os anuários, um dia eles vão encontrar seu insigth creditado a uma campanha de 1990! “Nossa, mas que garoto prodígio, com 3 anos já criava campanhas brilhantes”. Não, acho que ninguém pensará isso.

Agora temos um outro ponto a analisar. Na verdade, o exemplo pessoal que citei não chega a ser considerado uma “idéia chupada”, pois trata-se de uma inconveniente coincidência. Diferentemente de casos conhecidos da propaganda, como o do evento Major Thereat, que foi realizado esse ano pela Nike. Um plágio descarado da arte do álbum do Minor Threat, banda de punk-rock dos anos 80. Foi explicado como “inspiração devido â semelhança no nome do evento”, pela divisão de comunicação da empresa de produtos capitalistas, digo, esportistas. Após a denúncia de cópia, a Nike se desculpou e retirou a campanha de veiculação. Contudo fica a dúvida, se ninguém tivesse notado a semelhança, a Nike receberia os créditos por mais essa ótima criação?

Intencional ou não, ter uma idéia chupada em seu portifólio nunca é bom negócio. A possibilidade de ser rotulado como falso-criativo sempre irá rondar a sua vida. Voltamos então as sábias palavras da minha professora. “Informação”, não apenas em busca de inspiração e embasamento cultural, mas também conhecimento técnico. Uma boa lida em anuários, uma passada semanal por bloggs e sites relacionados à comunicação, uma futricada rápida nos portifólios das agências e colegas sempre ajudarão a evitar alguns eventuais contratempos com Copyrigth.

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* Estudande do curso Técnico de Publicidade da Escola Técnica Irmão Pedro Webdesign pela Ponto Zero Design. Atualmente é acadêmico de Publicidade e propaganda pela Unisinos. ** Texto publicado no Site Extemporâneo em 10/11/2005.